Exposições e notícias
Jorge Chaves
Texto de Arthur Kampela para Jorge Chaves:“Jorge e o Invisível”
A arte do Jorge é feita de ‘foras’. Não começa ou acaba no material. (Não é um
dentro).
Integra à ele espaço, tempo, ar, pensamento.
Jorge, a meu ver, não se consagra ao mero jogo de dobrar a matéria, condensando-a
numa praxis concreta, num todo sem “asas”, num isto. Pois ele captura no que pinta e
esculpe o espaço à sua volta
— que se torna parte da forma final de sua arte.
Pode-se dizer que a verdadeira invenção de suas invenções de forma e conteúdo,
está no olhar daquele que não vê o que à volta.
— Só o sente.
E Jorge, como um poeta do conceitual, empresta ao inefável seu vocabulário, o torna
visível aos olhos do ‘vedor’.
Faz isso criando a ponte necessária (sua arte), para que possamos enquadrar
este invisível em suas formas, que por si mesmas não são facilmente apreendidas
— pois objetos ariscos à demarcação.
Através de cada peça, o que vemos é esta ambígua narração entre o visto
e suas cercanias.
Deste modo,
Jorge está sempre a implicar o jogo entre o que se vê e experienciamos
— e aquilo que dista fora do alcance da vista.
Há, em sua ação artística, esta ambição de captar fenomenologias que se derramam
em frente aos olhos do especta-dor,
e portanto sua estética é a da não-demarcação entre
morfologias da invenção (concretude)
e o amorfo à nossa volta
— que à elas servem de “moldura”.
Sua prática é uma que confunde o criar com o encontrar o material, o vê-lo já dobrado
e gasto (devido a uso anterior),
— e reciclá-lo enquanto substrato de um olhar.
(Me lembra aqui, de raspão, o poeta Manuel de Barros que busca no lixo, nos restos
do entulho, a matéria de sua poesia).
Como um poeta conceitual, Jorge encontra sua matéria. Limpa-a e a esculpe e muitas
vezes mantém o objeto intacto, como primeiro o achou. Só o olhar novo e curioso lhe
acrescenta nova forma.
Partilhamos assim de dois conteúdos que se irmanam e se dispersam:
por um lado, temos o objeto recolhido e amputado de suas premissas
funcionais, da utilização com que viera destinado, transformado num memento
estético que Jorge atualiza.
Por outro, não podemos dissociar do material uma carga de mundanidade, de
sujidade, que o remete constantemente à sua aplicação primária, funcional, seus usos,
no mundo ‘antes’ de Jorge.
(De novo, uma analogia poderosa com o famoso “Mictório” de Marcel Duchamp —
outro poeta do conceitual que des-sacraliza o objeto de sua finitude, ampliando-o
enquanto questão, acima de sua aura utilitária).
Com Jorge, navegar não é ‘preciso’. É arisco e é um risco que desfaz o ver num olhar
impreciso, perigoso…
Veja portanto a exposição de seus objetos e pinturas enquanto ‘iluminuras’ dadas a
tudo que para nós nos é vedado
e portanto, nos é cego.
Talvez assim possamos tatear o invisível de fora
com este olhar interior que Jorge nos presenteia
— quase de dentro de um susto.
(©Arthur Kampela para Jorge Chaves)
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